28 dezembro 2006

Looking Glass versão 1.0


Veio discretamente à luz do dia a versão 1.0 do Projecto Looking Glass, uma interface tridimensional para o desktop. Não é apenas um rodar de cubos, inova realmente no campo das aplicações. Passou da fase do "concept car" de quando foi lançado, para um "carro" que já anda mesmo. Ainda aos tropeções, já que ainda está na sua infância, mas já anda..
Existem versões para Linux, Windows e Solaris.

Como podem ver no developer's blog, a ideia é agora partir à descoberta de como tirar partido da tridimensionalidade nas aplicações. Há algumas mais interessantes que outras, algumas mais polidas e outras ainda com muitas rebarbas. Experimentem instalar, e para os mais afoitos, experimentem fazer qualquer coisa.

Para se animarem podem ver um filme , que só lamento estar em AVI, da utilização do Looking Glass por gestos, estilo Minority Report - ou deveria dizer estilo Wii ?

21 dezembro 2006

Snap

Os meus agradecimentos ao Tux Vermelho pelo Snap. É mesmo sexy. Não sei se se daqui a alguns tempos cansará, como aquelas namoradas muito excitantes mas em que a conversa seca rapidamente, mas não achava nada tão cool desde que redescobri os Dandy Warhols :-)

20 dezembro 2006

Participar

A recente escolha da Time's Personality of Year: You já foi comentada por outros bloggers. Com mais umas achegas sobre a Web 2.0. É interessante que estes conceitos cheguem á imprensa generalista, mas não são propriamente novidades. A Sun Microsystems, por exemplo, já fala exaustivamente sobre a Era da Participação desde 2005 - ver as conversas e o blog do Jonathan Schwartz, continuando até ao recentíssíssimo The Big Mashup - forum sobre como a rede está a mudar o entretenimento e as notícias. O que me interessa é refectir como tudo isto afecta o mundo do software livre.

Ainda recentemente o Gildot lançava um debate sobre a falta de participação na comunidade de software livre. Quando ao mesmo tempo toda a gente e mais alguma quer escrever blogs, fazer videos ... Que se passa?

Passa-se em primeiro lugar que as pessoas descobriram a Internet como um meio de participar, de dar a sua contribuição ao mundo. Fantástico ! A Internet foi de facto criada para comunicar, e o e-mail primeira "killer application", há muitos muitos anos. O que se passa é que neste momento é cada vez mais fácil publicar o que se cria. Essa criatividade não tem fronteiras, e cada um usa-a para o que mais lhe interessa. Por exemplo, tenho também um blog de poesia :-) (sim, não penso só em informática..)

Passa-se em segundo lugar que essa participação está gradualmente a ser desintermediada. Algumas pessoas enviam notícias ou fotos para os jornais para publicação, sabendo que só por sorte isso acontecerá. Mas quem já domina as ferramentas da internet já não se preocupa com isso, e publica as suas notícias e fotos e vídeos directamente..
Há alguns anos o melhor acesso ao software livre seria via foruns como o Gildot (que respeito muito) , ou sites para dúvidas. Hoje em dia a maior parte das pessoas que conheço que usam Linux vão directamente á fonte, às distribuições. Há uma avidez pela rapidez. Uma notícia num blog agregado no Asterisco surge quase instantaneamente, sem passar por editores intermédios.

O que nos leva, em terceiro lugar, à liberdade. Há cada vez mais liberdade na net, devido a esta desintermediação. É claro que há cada vez mais lixo, mas há também muito mais possibilidades de se descobrir coisas interessantes.

Bem, eu já sou livre de fazer tudo o que quero com software livre e gratuito. Os meus agradecimentos públicos a todos os que contribuiram para isso. A maior parte das pessoas tem os seu interesses longe da informática, e muito bem. Apenas se interessam pela componente "gratuito" e "facilmente acessível". Porque me devo preocupar em as "evangelizar", se já tenho o que quero ? Porque me interessam os 240.000 downlaods do OpenOffice.org, se já fiz o meu ?

Por um lado, porque garante a continuidade do projecto. Ou seja, para garantir que continuo a ter um OpenOffice.org gratuito e cada vez melhor, quero que haja muita gente a usá-lo.
O que não significa necessariamente a contribuir com código, ou de outra maneira. Repito o que disse - as pessoas têm os seus interesses, que não passam na maioria dos casos pela informática. Não me choca nada que hajam poucos "militantes". Mas gostaria de juntá-los, garantir que todos os que se interessam por informática, e gostam da liberdade de poder utilizar programas que cada um pode melhorar ( nem que seja através de sugestões) encontrem na internet os que têm esses mesmos interesses, e que possam colaborar, criar blogs e vídeos publicitários, partilhar as suas experiências - especificamente em Portugal. Livremente. Precisamos de mais wikis, mais blogs, mais tubes, e de ligações entre eles.

E também por outra razão. Porque dá gozo. Porque sabe bem partilhar as ideias com os que têm os mesmos interesses. Seja a poesia ou o software livre.

E sei que há mais por aí que gostariam de participar mais..

12 dezembro 2006

235.000 downloads do OpenOffice.org PT !

Perante as estatísticas do Vítor Domingos não consigo deixar de estar impressionado. 235.00 downloads do OpenOffice.org 2.0.4 em português ! É sem dúvida nenhuma um marco histórico, que pressagia uma viragem significativa na adopção do software livre em Portugal. Não numa perspectiva militante, mas numa perspectiva prática, de ferramentas práticas que surgem no momento certo.

Falta agora tornar esta adopção mais visível por todos.
"Não, não sou o único.."

07 dezembro 2006

O Guia Prático do OpenOffice.org 2


É bom saber que se começa a criar um eco-sistema à volta do software livre. O lançamento de um livro em português sobre o OpenOffice.org é disso um bom indício. Os meus desejos de sucesso ao Guia Prático do OpenOffice.org, edição do Centro Atlãntico, autoria de Isabel Cristina Lopes e Mário Paulo Pinto.

06 dezembro 2006

JavaOne 2007 Call for Papers


A conferência JavaONE é provavelmente o maior encontro de developers do planeta. A JavaONE 2007 ocorrerá entre 8 e 11 de Maio de 2007 em São Francisco. Está aberto até 15 de Dezembro o "Call for Papers" sobre trabalhos originais ou implementações relevantes.

05 dezembro 2006

Encontro de Software Livre na Administração Pública

Foi sem dúvida um sinal importante a realização no passado dia 29 de Novembro do Encontro de Software Livre na Administração Pública. Se não estou enganado o último e único outro evento vindo da própria AP foi promovido pela UMIC há dois anos, a 22 de Setembro de 2004. Desde então poder-se-ia pensar que o assunto teria caído no esquecimento, não fora o facto de agora terem estado 4 ministérios envolvidos: Justiça, Educação, Cultura e Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, (via UMIC e Secretário de Estado), para além do Plano Tecnológico. E de terem sido apresentadas múltiplas iniciativas nacionais. Ou seja, algo mudou de facto nos últimos dois anos, como ficou demonstrado especialmente pelas apresentações de Mário Valente e Vítor Domingos do Ministério da Justiça/ITIJ, e de João Correia de Freitas do Ministério da Educação/CRIE. A intervenção do Jaime Villate sobre a utilização do software livre em contexto académico foi também extremamente eficaz e didática.

O resto do programa foi bastante interessante. Fiquei fascinado pela insistência no conceito de comunidade da Antonella Fresa, pelo calor pouco germânico de Karl Sarnow a descrever o projecto SchoolNet (contratem-no já para uma comissão de serviço em Portugal !) , e pela extensão da penetração do OpenOffice.org em França descrita pelo Patrice Posez.

Teria certamente sido possível ter tido uma muito maior audiência, mas creio que a ideia dos organizadores era de facto chegar a mais organismos, mas não necessáriamente a muitos indivíduos.

Será que poderemos esperar por algum posicionamento mais consistente do Estado português face ao software livre ? Aguardam-se próximos passos da UMIC e do Plano Tecnológico...

E pelos próximos anúncios de projectos...

PS: Obrigado Vítor pelos links. E pela tua parte importante na organização.

13 novembro 2006

Java open-source HOJE



O anúncio da colocação do Java em código aberto vai ser feito hoje, 13 de Novembro de 2006, às 17:30 hora de Lisboa . Quem quiser assistir ao anúncio em webcast pode fazê-lo, com o Real Player, em www.sun.com

06 novembro 2006

JavaPT06

Para me penitenciar por não ter divulgado o JavaPT06 ( o sucessor do tradicional JavaOnDemand ) neste blog, indico agora onde podem aceder às apresentações deste evento que se realizou no passado dia 17 de Outubro.
Entre outras há apresentações sobre SOA, sobre Virtualização de aplicações, sobre AJAX, sobre OpenSolaris, e nomeadamente sobre o caminho do Java rumo ao a open-source.

E isto sem esquecer as melhores aplicações peer-to-peer com o open-source JXTA

04 novembro 2006

A contabilidade do acordo Novell - Microsoft

Fiquei surpreendido mas satisfeito com o anunciado acordo entre a Novell e a Microsoft. Como gosto de perceber o que se passa, detive-me um pouco a tentar compreender quem ganha o quê com ele.

Novell
Sem dúvida que é um bom acordo para a Novell:
- Dá-lhe um maior protagonismo no mundo empresarial, nomeadamente face à Red Hat
- Como a Microsoft até vai recomendar Suse Enterprise Linux vai poder abordar clientes Microsoft com uma maior respeitabilidade
- Pode aumentar a sua penetração no emergente mercado da virtualização, onde a Novell aposta com o Xen
- Facilita a interoperabilidade entre Windows e Suse Enterprise Linux, através da ligação entre o MS Active Directory e o Novell eDirectory
- Posiciona-a como um parceiro importante no mercado do Office - nem a Sun tem um acordo com a Microsoft na área da compatibilidade entre o Open Document Format (OpenOffice,org, Staroffice) e o Open XML (MS Office 2007)
- Permite-lhe avançar com mais segurança para projectos de migração de dot.net para Mono

Comunidade open-source
A comunidade open-source também ganha com este acordo. Para já é uma evolução passar de "cancro" para "parceiro".. Antevejo críticas cerradas por causa da menção de troca de patentes, mas de um ponto de vista realista só há a ganhar com uma maior protecção obtida para projectos como o Samba. Também só há a ganhar com uma maior interoperabilidade entre o Linux e o Windows, o OpenOffice.org e o MS Office, entre o Mono e o dot.net. A barreira da mudança tem de baixar ainda mais para permitir mais migrações do mundo do software proprietário para o mundo do software livre

Microsoft
Onde me detive mais longamente foi a tentar perceber as motivações da Microsoft. O significado é nitidamente menor. Basta ver os sítios da Novell e da Microsoft para o perceber: o que é um clímax para a Novell só surge submerso com press-release no sítio da Microsoft
Creio que as multa da Comissão Europeia pela falta de interoperabilidade do Windows Server será a motivação principal, como já o teria sido quando do acordo entre a Microsoft e a Sun Microsystems. Aí havia também o grande esforço da Microsoft para penetrar no mercado empresarial.
A Microsoft vai também tentar afirmar-se mais no campo da virtualização, encapsulando Linux quando os clientes insistirem nele.
Algo mais?

23 outubro 2006

ODF Alliance com 320 membros

A ODF Alliance, que promove a implementação do formato aberto de documentos ODF, já tem 320 membros, 5 dos quais em Portugal:

Caixa Mágica Software
DigiUtopikA Lda.
dri - consultoria informática LDA
ITIJ
Prodigentia

22 outubro 2006

O Millennium BCP e a segurança

Recebi a hoje Newletter de Segurança de Outubro do Millennium BCP.

Indica que está disponível o Internet Explorer 7, com novas características de segurança, como o anti-phishing.

Se o Millennium BCP se preocupasse realmente com a segurança, já tinha promovido junto dos seus clientes a utilização do browser Mozilla Firefox, que tem bem melhores características de segurança há meses:

CNET Security Watch - Why you should switch to Firefox now:

Wall Street Jounal - Security, Cool Features Of Firefox Web Browser Beat Microsoft's IE

Concluo portante que a segurança é menos importante para o Millenium BCP do que a promoção à empresa Microsoft, e começo a estar realmente a pensar se estou no Banco certo, pois a segurança num Banco devia estar em primeiro lugar.

Começo seriamente a pensar mudar de banco..

PS: Enviei esta mesma mensagem ao Banco citado, do qual ainda sou cliente

18 outubro 2006

MS quer transformar bug em standard ..

Quando surgiu o Excel, vinha com um bug na função DATE(), e considerava 1900 como um ano bissexto. As regras dos anos bissextos são algo curiosas; de quatro em quatro anos Fevereiro tem mais um dia. Exceptuam-se os anos múltiplos de 100. E a esta excepção exceptuam-se os anos múltiplos de 400. Segundo a Microsoft o dia 29 de Fevereiro de 1900 existiu. E na proposta de standard do novo formato do MS Office 2007 à ECMA, também deverá "existir", por questões de "compatibilidade" ..Ver, e sorrir, aqui

11 outubro 2006

Calendários versão 0.3

Já está disponível a versão 0.3 da aplicação de calendário Mozilla, quer na versão independente Sunbird, quer na versão extensão do correio-electrónico Thunderbird, Lightning.

Quer uma quer outra permitem acesso a calendários online através dos protocolos iCalendar e CalDAV.

Têm uma interface mais intuitiva, melhor desempenho, e estão mais fiáveis.

Para alem de continuarem como produtos autónomos, o Thunderbird/Lightning vão ser incorporados numa futura versão do OpenOffice.org e do StarOffice

08 outubro 2006

Tim Bray: Atom, WS-*, XBRL e lucidez

Tim Bray foi uma dos redactores do XML, conjuntamente com Jon Bosak, e é actualmente . Director de Tecnologias Web na Sun Microsystems.

Recomendo vivamente a entrevista que deu ao Linux Journal, onde fala lucidamente de como o Atom se irá tornar ubíquo, do seu cepticismo nas normas WS-* e de REST, da adopção de PHP e Ruby, Perl e Python na plataforma Java e de Interactive Data (um nome sexy para XBRL, uma especificação de XML para o mercado financeiro)

É uma entrevista cheia de opiniões fortes (é possível que não gostem da sua comparação de código PHP com esparguete) e que abre muitos caminhos.

04 outubro 2006

Blogs como meio oficial de comunicação

Os meus parceiros de blog no Planeta Asterisco devem achar interessante o pedido feito oficialmente por carta registada e fax por Johnatan Schwartz, CEO da Sun Microsystem, para que a Internet em geral e os Blogs em particular sejam considerados pela SEC como um meio oficial de informação de mercado.

A SEC -Securities and Exchange Commission - é o equivalente à nossa CVMV - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Simplex nos mercados financeiros? A oficialização dos blogs ?

28 setembro 2006

Firefox 2 RC1

Já está disponível para download a Release Candidate 1 do Firefox 2.
A equipa portuguesa na ANSOL está a manter a tradução actualizada, parabéns

27 setembro 2006

UNESCO promove FOSS

A UNESCO tem um Wiki designado por "FOSS solutions for Open Educational Resources".
Nele estão a ser debatidos os temas lançados no início do ano por Joyce Kasman Valenza no Philadelfia Inquirer como as principais tendências afectando a educação, e que são:

1 -Aplicações baseadas em browser, como o Writely e o Odeo (para partilha de Podcasts)
2- Firefox
3- Wikipedia
4- O OLPC (portátil para crianças a 100 dólares)
5- Podcasting/webcasting
6- Wikis e Blogs na sala de aula ( ver eLGG.net )
7- OpenOffice.org 2 e o formato ODF
8- Web 2.0
9- Moodle
10- A compra da WebCT pela Blackboard (os principais LMS comerciais)

A maior parte destes assuntos estão na agenda do nosso Ministério da Educação, mesmo que isso ainda não seja muito visível

09 setembro 2006

European Open Source Convencion

Vai-se realizar em Bruxelas de 18 a 21 de Setembro a EuroOSCON 2006. A lista dos oradores é muito boa. Aqui estão alguns nomes:

Jeff Waugh (Canonical/Ubuntu)
Tim O'Reilly (O'Reilly Media)
Mårten Mickos (MySQL AB)
Peter Saint-Andre (Jabber Software Foundation)
Greg Stein (Google)
Rasmus Lerdorf (PHP)
Louis Suarez-Potts (CollabNet/OpenOffice.org)
Scott Dietzen (Zimbra)
Sam Hiser, Open Document Foundation

Vejam o resto, e se forem lá, contem.

Regresso

O luxo de 3 semanas de férias a descansar mesmo, contando com uma estadia em Itália. Um portátil e um Palm a avariarem ao mesmo tempo. O trabalho acumulado. O casamento da minha filha, a Inês.

As razões desta grande ausência. Mas pronto, estou de volta.

28 julho 2006

Gestão danosa dos dinheiros públicos

O IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional foi autorizado no passado dia 13 de Julho a estabelecer um contrato de software Microsoft no valor de 2,25 Milhões de Euros, acrescidos de IVA, por ajuste directo. Este acordo foi avalizado por portaria conjunta dos ministérios das Finanças e do Trabalho e Solidariedade Social (Portaria n.o 1093/2006 )

Neste momento já existem alternativas viáveis e adoptadas internacionalmente ao sofware Microsoft. Apenas o mais recente exemplo : "Croatian government adopts free software policy"

Não há razões objectivas para que não tenha sido feita uma consulta ao mercado, através do mecanismo de concurso público, existindo neste momento alternativas comerciais muito mais económicas ( http://www.novell.com/solutions/desktop), e outras completamente gratuitas (www.openoffice.org) .

A enorme factura da preservação desta situação de não funcionamento do mercado de software, é ainda agravado pelo facto de que em 2007 o software de Office da Microsoft ir sofrer um alteração radical:
- alteração completa do formato de ficheiros
- grande alteração da interface com o utilizador
- requisitos de hardware enormemente acrescidos

Para além dos enormes custos de licenciamento demonstrados pelo exemplo do IEFP, esta mudança radical do software Microsoft Office irá ter as seguintes implicações para os serviços da Administração Pública que optarem por manter esse software:
- necessidade de projectos de migração de ficheiros
- necessidade de re-formação dos utilizadores
- necessidade de renovação do parque de PCs

Está na hora de os dirigentes da Administração Pública tomarem consciência destes factos, e de que poderão estar a ocorrer em situações de gestão danosa dos dinheiros públicos.

09 julho 2006

Microsoft lança projecto para suportar ODF

A Microsoft acaba de lançar um projecto open-source denominado Open XML Translator, que poderá ser utilizado no futuro Microsoft Office 12 para conversão de e para o Open Document Format. É um passo tímido em relação ao crescentemente adoptado ODF. Em vez de o adoptarem no produto lançam um projecto no SourceForge. Mas é um passo, que resultou da crescente adopção do Open Document Format, que assim continua na sua senda ascendente.
Comentários de paul Robertson e Jean Paoli da Microsoft aqui.

05 julho 2006

European Open Source News

Já saiu a Edição de Junho das notícias do Open Source Observatory do IDABC. O IDABC ( Interoperable Delivery of European eGovernment Services to public Administrations, Businesses and Citizens) é um departamento da Comissão Europeia.
O Open Source Observatory publica notícias constantemente, e depois reune-as num boletim mensal, que pode ser subscrito.

Notícias de Junho:

GL: One-stop support for Open Source Software in businesses [23 June 2006]
GL: Open Source diversity brings better security [23 June 2006]
GL: Linux on the move, Linux on your mobile [23 June 2006]
GL: Linux gets the global view at last [23 June 2006]
GL: Open Source plays a key role in software development, says report [21 June 2006]
GL: Java for all [16 June 2006]
DK: Danish parliament reaches 11th hour deal on Open Standards [16 June 2006]
EU: SELF-made educational Software [16 June 2006]
DE: Lower Saxony's tax authority switches to Linux [13 June 2006]
EU: Commission confirms unpatentability of software [13 June 2006]
EU: Free Software proponents condemn Microsoft's intransigence over patents [13 June 2006]
BR: Brazilian Government's Migration to Open Source takes further steps forward [13 June 2006]
BE: CommunesPlone project - Walloon Communes jointly opt for Open Source Software [13 June 2006]
EU: Shift to Open Source Software possible but there are obstacles, say EU researchers [12 June 2006]
IT: Campaign to promote wider use of Open Source Software in Italy [12 June 2006]
DE: German Federal IT agency presents new Open Source applications [12 June 2006]

30 junho 2006

Open Documemt Format cresce na Europa

A Administração Pública francesa terá 400.000 estações de trabalho com OpenOffice.org em 2007.

Os ministros dinamarqueses vão começar a utilizar o Open Document Format em Setembro.

Todos os serviços públicos belgas terão de utilizar o Open Document Format a partir de Setermbro de 2008.

Espero que saibam ler francês. Poupei-os à versão dinamarquesa da segunda notícia :-)

Por cá também estão a haver progressos.

OpenOffice.org 2.0.3

Já está disponível o OpenOffice.org 2.0.3. De acordo com a nova filosofia, estas versões intermédias não contêm apenas correcções de bugs, mas também melhorias de funcionalidade.

Entre as principais listadas nas Releases Notes estão:
- Enviar e-mail com documento em anexo em formato MS - sem ter que passar por gravar/converter ( fazer isto como PDF já era possível anteriormente)
-Importação de variáveis customizadas de documentos MS Office
- Online update ( no menu Help, uma novidade no OOo !)
- E para rematar, é suportado o latim (versão vaticano :-) )

14 junho 2006

Atom

Um artigo muito interessante com a contribuição de Tim Bray, co-autor do XML, sobre a proliferação de versões de RSS e o novo protocolo Atom prestes a sair do IETF. Aqui.

12 junho 2006

Normas de interoperabilidade francesas recomendam Open Document

Em França, a Direcção Geral da Modernização do Estado publicou a nova versão das Normas de Interoperabilidade, algo que o estado português continua sem fazer. Esta versão está aberta a comentário público até Setembro de 2006.

Entre as várias normas inclui-se o seguinte:

4.1.4 - Normas e Standards de toca de documentos de escritório
RIT0024 É RECOMENDADO que para as trocas de documentos de escritório semi-estruturados (tratamento de texto, folhas de cálculo, apresentações) sejam utilizados e formatos de documentos assentes na utilização de XML e cujas especificações sejam públicas e isentas de direitos
RIT0025 É RECOMENDADA a utilização do formato Open Document para as trocas de documentos de escritório semi-estruturados (tratamento de texto, folhas de cálculo, apresentações)
RIT0026 É OBRIGATÓRIO aceitar todo o documento com formato Open Document para astrocas de documentos de escritório semi-estruturados (tratamento de texto, folhas de cálculo, apresentações)
RIT0027 É PROIBIDO fazer uma migração do formato de documentos de escritório utilizado correntemente por uma organização para um formato distinto do formato aberto Open Document.

Migrações

O wiki do OpenOffice.org inclui descrições de muitas migrações para OpenOffice.org.
Para quem quer saber como correram ou estão a correr.

17 maio 2006

Open-Source na Motorola

A Motorola está a apostar em força em telemóveis com Linux e Java. Existe uma página com os projectos open-source da Motorola, em que estão por exemplo publicado o código de vários telemóveis - A1200, A780 e E680, e do driver para as cartas SD-MMC

16 maio 2006

Java One 2006

Começou hoje o Java One 2006, "o evento" da plataforma Java .

Os anúncios relacionados com novos projectos open-source sucedem-se :
- o código do servidor de portal da Sun vai ser aberto, e criado um projecto: "Enterprise-class Portal Server Open Source project"
- o motor BPEL ( Business Process Execution Language) do Java Enterprise System, um componente básico das arquitecturas SOA, vai ser disponibilidado em open-source dentro do projecto OpenESB (Enterprise Service Bus)
- o projecto open-source Netbeans vai incluir uma componente empresarial dirigida a SOA, com ferramentas de Modelização UML, BPEL designer e gestão de identidade
- a ferramenta de desenvolvimento visual Java Studio Creator vai ter o seu código aberto dentro do projecto Netbeans
- o Java Messaging System abre-se no projecto Open Message Queue
- o código de interoperabilidade em web services entre Java e a Windows Communication Foundation (Indigo) está aberto no projecto Tango


Foi alterado o licenciamento do Java Runtime e do Java Development Kit de forma a poder ser incorporado em projectos open-source. Esta nova licença foi já aceite pela Novell, e pelos projectos Gentoo, Debian e Ubuntu. Vai ser possível fazer "apt-get install sun-java5-jre" :-)
Mais informações no JDK Distro Project.


E finalmente, embora sem press-release, o novo CEO da Sun Microsystems anuncia que colocar a própria plataforma Java em código aberto já deixou de ser uma questão de "se vai acontecer", e é neste momento uma questão de "como vai acontecer".

11 maio 2006

Suse 10.1

Já está disponível em www.opensuse.org o SuSE Linux 10.1

10 maio 2006

ISO 26300


O formato DOC está morto.
O formato PPT está morto.
O formato XLS está morto.

Todos os documentos , apresentações e folhas de cálculo feitas nestes formatos estão obsoletos.

Todos os documentos, apresentações e folhas de cálculo que ainda se fizerem com os formatos DOC. PPT e XLS são nados-mortos.

A 23 de Maio de 2005 o consórcio OASIS aprovou o Open Document Format, o primeiro formato de documento de Office editável normalizado.
A 8 de Maio de 2006 o Open Document Format tornou-se uma norma internacional, o ISO/IEC 26300.

O OpenOffice.org e o StarOffice, os primeiros produtos a implementar o ODF, já tinham um formato baseado em XML desde o ano 2000. Em 25 de Maio de 2004 , a União Europeia tinha-se pronunciado contra os formatos proprietários de documentos, e apelado à sua normalização em XML. Em 2005 a Microsoft cedeu, e anunciou que o formato nativo do seu próximo Office (o agora denominado Office 2007) seria baseado em XML - o Microsoft Office Open XML Format.


Seja com Open Document Format, seja com MS Office Open XML Format, qualquer futuro documento de texto editável, qualquer futura apresentação, qualquer folha de cálculo terá um formato diferente da maioria dos documentos editáveis que têm vindo a ser produzidos nos últimos 10 anos.

Todas as organizações terão de pagar o preço de terem estado anos a utilizar um formato de documento proprietário, e terão de começar a planear as custosas migrações que se avizinham.

Podem persistir no erro e adoptar um formato que apesar de provavelmente também vir a ser normalizado, continuará a ser vinculado a uma única empresa. Ou poderão escolher o formato Open Document Format, que para além dos StarOffice e OpenOffice.org, também já é utilizado pelo KOffice, IBM Workplace Managed Client, e suportado pelas emergentes aplicações web Writely e Ajaxwrite.

Os formatos proprietários de documentos estão mortos. Parem de os utilizar

26 abril 2006

Unix, Linux e Scott McNealy

A mudança de guarda na Sun Microsystems - a substituição de Scott McNealy por Jonathan Schwartz produziu muitas retrospectivas da Sun nos últimos 24 anos. Uma das mais interessantes foi a de Steven J. Vaughan-Nichols entitulada Goodbye Mr. McNealy. Fala ela de como a Sun pegou no Unix, na sua versão universitária, o BSD, e com ele construiu o Sun OS e as workstations que levaram o TCP/IP e um sistema operativo de código aberto para as Universidades e depois para as empresas. De como a ideia da computação em rede e da liberdade de criar e modificar software cresceram.

"I was there in the early days. When the Internet moved from college computer rooms into every home, when open source moved from being an academic curiosity to being a driving engine of software, and as I think of those days, I see Sun workstations and servers—pizza boxes we called them—running SunOS and Solaris, knitting the Net together. I see programmers tinkering with Unix on SPARCstations and wondering what they could do if only they had the source code. I see, in short, our modern computing world as an infant.Thank you, Mr. McNealy, thank you."

PS: Quem quiser verificar a história do Unix e do Linux, desde 1969 até agora, pode fazê-lo aqui, graças a Éric Lévénez.

25 abril 2006

Info-excluído

Ontem senti-me info-excluído. Normalmente leio notícias internacionais no site da BBC, um hábito muito antigo, mas onterm lembrei-me de ir ver uma notícia no site da CNN. A certa altura carrego na opção de vídeo, e em vez da escolha que a BBC me dá entre dois players, um dos quais funciona em Linux, aparece-me a seguinte mensagem:

"The CNN.com video experience is optimized for Windows Media Player 9 or above
No Windows Media Player detected
GET THE PLAYER"

Assim, EM MAÍUSCULAS

Perante esta assertividade, carreguei no botão "GET THE PLAYER", que me conduziu para um site da Microsoft onde recebi a seguinte mensagem:
"We’re sorry, but we were unable to service your request. You may wish to choose from the links below for information about Microsoft products and services."
Deve ser porque que uso Linux no meu portátil..

Depois de ouvir em debates recentes o delegado da Microsoft defender a liberdade de escolha, tive vontade de rir. Não há Windows Media Player para Linux. Não há opção de escolha para a CNN. O Windows Media Player não tem o seu formato publicado e normalizado. Não existe aparentemente uma norma de vídeo aberta aceitável para as grandes empresas de Media.

Isto é mais preocupante que parece. Eu posso ler as notícias. Mas acontece que li também recentemente outra notícia preocupante, a de que os portugueses são dos povos que menos lê. E cada vez se informa mais por imagens (TV). Se a tendência continua, daqui a uns anos não há notícias escritas, este blog é um anacronismo porque não é um video blog, e só nos poderemos informar se tivermos Windows com o Windows Media Player 99. Aaargh...

Como não gosto de ficar só a queixar-me , enviei uma mensagem para a CNN. Quem necessitar de o fazer também, pode utilizar o link de feedback da CNN

21 abril 2006

Novo site da ANSOL

Temos em http://ansol.org um site renovado da ANSOL, a Associação Nacional para o Software Livre. O site estava parado há demasiado tempo, pelo que é uma óptima notícia o seu renascimento.
Há uma secção de notícias que se deve manter actualizada, porque qualquer pessoa pode dar sugestões de conteúdos, e uma lista de empresas fornecedoras de serviços em Software Livre à espera de inscrições.
E aceitam-se inscrições de novos sócios. Sou da opinião que se deve fazer crescer a ANSOL, quer em termo de número de sócios, quer no alargamento da sua actividade para além do que já fazem habitualmente, o lobby político. É necessária em Portugal uma associação dos que querem promover o software livre bem mais ramificada e bem mais interventiva. Este novo site é um bom passo nesse sentido. Novos sócios também.

10 abril 2006

A importâncias das normas abertas

Li no NewsForge um excelente artigo sobre a importância da normas abertas. Tina Gasperson escreve sobre uma sessão no Governement Day que ocorreu durante o Linux World em Boston, e sobre como foi levantada a questão.

Foi usada uma parábola. Uma hipotética "comida mágica" alimentaria qualquer pessoa durante um ano, e a primeira dose custaria 1 apenas dólar. Milagre ! A resolução da forme no mundo! Tinha um efeito secundário - tornar qualquer outro alimento venenoso - mas isso era realmente secundário, não?
Até chegar o preço da "comida mágica" no segundo ano....Aí a dependência do fornecedor já estava criada, e o preço passou a a ser o que ele quisesse.
O problema é criar a dependência.

A criação e utilização de normas abertas evita a dependência. Convém no entanto explicar o que se entende por normas abertas. São aquelas que são:
  • independentes da plataforma - hardware e software
  • desenvolvidas em cooperação
  • neutrais em relação aos fornecedores
  • independentes de propriedade intelectual
As normas abertas não impedem a inovação. Apenas impedem a dependência.

06 abril 2006

LinuxWorld

Acabou hoje o LinuxWorld que decorreu em Boston de 3 a 6 de Abril. 4 dias dedicados ao Linux e a outro software open-source, que luxo. Muitos anúncios, muitas apresentações. Os pontos principais podem ser encontrados no "suplemento" do news.com sobre o assunto. Aqui ficam alguns:

Microsoft to 'open the doors' of Linux labs
The software giant will launch a Web site to communicate with customers who use Microsoft and open-source software.

Red Hat cancels Fedora Foundation
The company has other ideas for open-source patent protections and governance of its hobbyist Linux product.

Device support 'key' to desktop Linux
Hardware makers should do more to make their devices compatible with the open-source operating system, experts say.

Red Hat, Intel plan 17 development center
The two companies will open centers where customers and partners can ensure their software and hardware hum along on Linux.

Linux lab looks to bridge dueling interfaces
Project Portland is designed to sidestep differences between the two competing graphical interfaces most widely used with Linux.

Linux kernel adopts Oracle cluster file system
Oracle touts announcement that Cluster File System 2 for Linux will be distributed with the Linux kernel.

Novell CTO starts blogging
blog Jeffrey Jaffe, Novell's new chief technology officer, has become the latest Linux executive to try his hand at blogging.

02 abril 2006

Certified Open

A pouco e pouco empresas e organismos do estado começam-se a aperceber da armadilha em que cairam normalizando o seu software em Microsoft. Estando dependentes de um único fornecedor, não conseguem negociar baixas de preços, nem retirando um componente da "famiglia" de produtos ( o Office, por exemplo). Nem sequer conseguem controlar os gastos, pois não têm como resistir à subida de preços do seu software, em contra ciclo com a contínua baixa de preços do hardware.

Esta dependência pode ser diminuida de várias formas. A principal é a adopção de software que possa ser executado a partir de qualquer browser. O qualquer é importante, há por aí muito "software web" que apenas funciona com Internet Explorer.

Para aconselhar quem tem de fazer aquisições a evitar este tipo de dependências a Open Source Academy desenvolveu uma metodologia de aquisições denominada "Certified Open".
Esta metodologia permite que serviços públicos possam cumprir os seus objectivos de melhorar os serviços aos cidadãos sem incorrerem no risco de mais tarde se aperceberem que ficaram irremediavelmente presos a uma determinada solução.

O programa "Open Ceritified" está descrito aqui, com uma brochura disponível em PDF.
Há uma artigo sobre o programa aqui

31 março 2006

Liberdade de escolha ou abuso de posição dominante

Em Novembro escrevia neste Blog sobre "Os acorrentados", descrevendo a estratégia da Microsoft de interligar os seus produtos uns aos outros de tal forma que é difícil para um seu cliente seu mudar para outros produtos. Mas soube de um caso que eleva esta estratégia a um outro nível. Um cliente grande da Microsoft pediu-lhes uma proposta de renovação de contrato excluindo o Office. Recebeu a seguinte resposta: o preço dos nossos produtos sem o MS Office é MAIS 15 % do que o bundle completo...

Se isto não é abuso de posição dominante, o que é?

Entretanto, em debates públicos como o que ocorreu durante o Linux 2006 a Microsoft afirma que defende a Liberdade de Escolha...

The network is the computer

30 março 2006

Valor e Valores

Porque se deve escolher software livre em vez de software proprietário ? Pergunta errada. A pergunta certa para um gestor deve ser qual o valor do software que se está a implementar na empresa ou no organismo público e da sua adequação para resolver qualquer necessidade.

Comecemos por aí. Quantas vezes as especificações de empresas privadas ou públicas não são "quero o software da empresa X", ou o "software Y"? Muitas, demasiadas. Espero ver cada vez mais o que já vejo com alguma frequência, as especificação das necessidades e uma abertura franca às respostas diferente do habitual. E que essas respostas sejam avaliadas pelo seu valor - quer monetário, quer em termo de corresponderem às necessidades.
Estas necessidades não devem ser apenas as necessidades funcionais - se o software serve para o que se quer - mas também as não funcionais: O software é fiável? Há suporte real e indemnizações em casa de falhas graves? Há liberdade de mudar de fornecedor? Há suporte em várias plataformas? Tudo isto faz parte do valor do software.

A minha convicção é que a ponderação isenta de todos estes factores - preço, resposta à necessidades funcionais e não funcionais - levaria à adopção de software open-source mais frequentemente do que acontece hoje. Mas não sempre. É difícil ultrapassar com honestidade as ideias pré-formadas. O que importa é antes das escolhas definir critérios de valor. E depois ser coerente. E aqui entramos nos valores.

Para ser honesto tenho que poder avaliar o software independentemente das minhas ideias pré-concebidas. E vou ser claro - tenho uma ideia pré-concebida de que o software desenvolvido segundo uma metodologia open-source tem uma vantagem inerente sobre o software proprietário - pode evoluir muito mais rapidamente no sentido da satisfação dos utilizadores. Da minha satisfação, para colocar a questão de uma forma egoísta. Quer isso dizer que já é superior, hoje? Depende. O Firefox é superior, hoje, ao Internet Explorer. O OpenOffice.org é nalgumas coisas superior e noutras inferior ao MS Office. O Dia é inferior ao Visio. Estou a falar das características funcionais. Se me pagam para fazer a melhor escolha para a minha empresa ou organismo tenho de ter em conta os factores que já referi. E portanto devo estar preparado para escolher software pelas suas qualidades quer seja aberto quer seja fechado.
Mas nas minhas escolhas individuais posso escolher um produto mesmo que considere que ainda não está à altura das alternativas, precisamente para poder ajudar quem me ajuda, para poder contribuir para que um software que me é oferecido gratuitamente possa vir a ser melhor. Estes são os meus valores. Os da entreajuda, e do prazer de fazer cada vez melhor. Não o consigo fazer da mesma maneira com software proprietário e fechado. Os meus valores levam-me ao software aberto. Para mim. E para os que me ouvem.

Linux 2006, a quente

Recém chegado do Linux 2006, as primeiras impressões:
- O auditório este sempre cheio, mas não transbordou como esperava. Mas ontem estavam a rejeitar inscrições.
- A aposta num evento de dia inteiro foi ganha, estava quase tanta gente de tarde como de manhã
- Os pontos de situação da IDC e da Caixa Mágica mostram que a implementação de Linux em particular e de open-source em geral estão a aumentar
- As presenças do Secretário de Estado da Justiça e do Coordenador do Plano Tecnológico mostram que se está a chegar ao centro da Governação. E no caso da Justiça que se está a avançar na mudança.
- Vou falar contra mim - e contra a organização: eram escusadas 4 apresentações a falar de Grids quando há tanto mais sobre que falar. As grids vão ser cada vez mais importantes fora das Universidades, mas se soubesse tinha falado de outra coisa.
- Também era escusado um PC com Windows num evento de Linux. Já tenho feito muitas apresentações em Powerpoint em Windows, e aproveito para chamar a atenção de que a preparei em StarOffice em Linux , e que a conversão demorou ..... 5 segundos. Mas é mau marketing que num evento co-organizado pela Caixa Mágica o PC das apresentações não esteja em Caixa Mágica. Não é fanatismo, é mesmo mau marketing
- À tarde gostei especialmente da apresentação do João Macedo Cunha "Linux num cinema perto de si", dedicada à utilização de Linux nas bilheteiras da Lusomundo. Muito eficaz, e gráficamente muito atraente.
- Tudo no stand da IBM era fantástico....
- Uma das coisas óptimas neste tipo de eventos é o diálogo, quer no debate quer nos intervalos. Mais encontros, mais debates, seriam muito úteis.

Uma das repercussões muito positivas do evento é a atenção mediática concedida. Os artigos no Público e no Computerworld estavem muito visíveis, com referências na primeira página e artigos muito detalhados.

Este é neste momento o grande evento de open-source em Portugal. Pode ainda ser muito maior, se os organizadores se atreverem a isso. É complicado, porque quanto maior o evento maior o risco financeiro, mas acho que valeria a pena, e que conseguiriam ainda muitos mais patrocinadores.

22 março 2006

Há fogo debaixo do gelo

Seis requerimentos sobre a Microsoft

Segundo o Público de hoje, 22 de Março, o grupo parlamentar do PCP na Assembleia da República apresentou seis requerimentos sobre o Memorando de Entendimento assinado entre a Microsoft e o Governo português. (Aqui para quem tem assinatura electrónica do Público)

Esses requerimentos pedem esclarecimentos sobre vários assuntos:
  1. Ao Primeiro-Ministro, sobre o fundamento legal para a celebração do memorando, "como se de relações económicas e de cooperação entre Estados se tratasse", e a ausência de processo de selecção de empresas. E se o Governo "está ou não em condições de apresentar uma quantificação, mesmo que previsional, dos montantes de investimento público necessários à concretização das 19 medidas do memorando"
  2. Ao Ministério da Justiça, sobre o âmbito, objectivos e enquadramento legal da "colaboração estreita" com a Polícia Judiciária, e a que "redes internacionais de conhecimento" fica a PJ vinculada com o memorando, exprimindo especial preocupação quanto à "segurança de dados informáticos detidos e geridos pela Polícia Judiciária no âmbito da investigação criminal.
  3. Ao Ministério da Educação sobre o "programa de literacia digital", que pressupõe a existência nas escolas de "um programa curricular fornecido ao Ministério por uma empresa privada" e direccionado "para a utilização de determinados produtos e técnicas que são um exclusivo" da Microsoft. E também sobre o projecto-piloto de adaptação à futura geração de aplicações Windows Vista e Office, considerado uma "estratégia comercial e operação de marketing preparada pela Microsoft"
  4. Ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior sobre a "formação com certificação Microsoft" nos politécnicos, questionando se estes foram ouvidos e se foi feito algum estudo sobre o assunto
  5. Aos Ministérios do Trabalho e da Economia sobre a asinatura de um acordo que prevê a participação num programa de estágios de 4300 empresas "que nunca terão sido sequer consultadas"
  6. Ao Ministério dos Negócios Estrangeiros se ponderou apoiar projectos de cooperação e desenvolvimento nos países africanos com recurso a software livre, em vez de fomentar estágios para jovens dos PALOP nas empresas parceiras da Microsoft
Espero que estas perguntas sejam respondidas para esclarecimento de todos nós, e sem que daqui resulte uma partidarização destes temas. Apoiaria estes pedidos de esclarecimento fosse qual fosse o seu autor. Mas aprecio a iniciativa do PCP.

Ficamos a aguardar as respostas.

Linux 2006

Relembra-se aqui que o evento Linux 2006, organizado pela Sybase, Caixa Mágica Software e Adetti é já para a semana, na quinta-feira dia 30 de Março.
Este é o maior evento de Software Aberto em Portugal, já na sua 4ª edição, e merece uma saudação calorosa. Talvez sejam surpreendidos pela enchente que irão ter, pois creio que em Portugal estamos nas vésperas de uma explosão desta àrea. Há muitos sinais nesse sentido, e várias iniciativas interessantes em preparação. Há fogo debaixo do gelo que tem sido este monopólio do software em Portugal.

Quero saudar aqui o alargamento do evento a multinacionais como a Redhat, a IBM, a Sun Microsystems e a Bull, que por um lado traduz o crescimento em termos da adopção de que estou a falar, e por outro pode trazer bastante mais participantes e adesões de empresas e organismos públicos ao software aberto. Em eventos internacionais análogos a presença da HP e da Intel também já é habitual, inclusive em roadshows próprios, mas em Portugal estas empresas ainda estão muito enfeudadas ao pensamento único. Vou apostar que isso vai mudar durante o próximo ano.

E também quero saudar a participação do Secretário de Estado da Justiça. Está a ser pioneiro na Administração Pública. Como todos os líderes, em breve estará mais acompanhado.

Quase em simultãneo, no dia 28 de Março, realiza-se o evento "Software Livre na Administração Pública", organizado pelo Grupo Algébrica. Trata-se de uma entidade privada com fins lucrativos, e portanto a sua aposta neste evento é um sinal de que esperam uma animação do mercado nesta área. É pena a coincidência de datas na mesma semana, porque também conseguiram reunir um grupo muito interessante de actores da Administração Pública, como o ITIJ (Instituto de Tecnologias de Informação na Justiça) , o IIMF (Instituto de Informática do Ministério da justiça) , a Secretaria Geral do Ministério da Cultura, o Instituto Nacional de Estatítica e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil. É pena também o preço elevado das entradas, o que me impedirá de assistir. Mas eventos comerciais são assim mesmo.

Mas não faltarei ao Linux 2006. Há fogo debaixo do gelo.

16 março 2006

Os bites e as aspirinas

Recomendo uma leitura neste blog "O Jumento".
Nele podem encontrar por exemplo este certeiro artigo "Os Bites e as Aspirinas"
Cumprimentos ao autor


Se há dois mercados muitos semelhantes em Portugal são os mercados dos medicamentos e do software, e não é porque os produtos sejam similares, mas sim porque as práticas são quase as mesmas. E as semelhanças não se ficam pelas regras do jogo, ocorrem também entre os genéricos e o software open source, em ambos os casos os profissionais preferem o mais caro sem explicar bem porquê.

Se perguntarmos a um médico porque prefere prescrever um medicamento de marca em vez de um medicamento genérico, e questionarmos a um informático a razão porque opta, por exemplo, pelo Oficce da Microsoft em vez de escolher o OpenOffice, a resposta é mais a o menos a mesma. O médico dir-nos-á muito provavelmente que o medicamento de marca pode ser ligeiramente mais eficaz, assim como o informático nos vai dizer que o Office tem uma pequena função que o OpenOffice não disponibiliza, e nem o médico nos garante que a tal eficácia infinitesimal é necessária para curar o doente, nem o informático tem a certeza de que a tal função seja necessária ou se será alguma vez utilizada.

Da mesma forma que os medicamentos de marca oferecem viagens a congressos, um serviço de apoio técnico que dispensa esforços adicionais, bajuladores de propaganda médica e mais algumas mordomias, também a compra de software de marca tem as suas vantagens, mas ou menos as mesmas, senão mesmo mais, que os medicamentos de marca.

Tal como nos medicamentos de marca para a mesma doença cada marca oferece o seu medicamento, também para o mesmo tipo de função cada marca de software oferece a sua aplicação. E da mesma forma que os médicos tendem a fidelizar-se especializar-se nos medicamentos de uma determinada marca, também os informáticos são firmes defensores dos produtos de uma ou outra marca.

É mais cómodo esperar que uma marca de software nos resolva o problema, recorrer a uma consultora e, de vez em quando, fazer uma viagem de estudo, do que utilizar uma aplicação em que não há uma empresa para a embrulhar em simpatias e mordomias, nem consultoras para nos fazer o trabalho. No Estado em vez de se gastar o menos possível, não raras vezes a vantagem está em gastar o mais possível.
PS: Se José Sócrates tivesse levado os dirigentes da DGITA à Finlândia estes ficariam a saber (será que não sabem?) que o ministério das Finanças daquele país está mais adiantado no domínio do e-learning e que usa uma aplicação de open source
[Moodle].

13 março 2006

Software via web

Á medida que a banda larga alastra e se torna mais rápida, torna-se cada vez mais viável o software executado via web . A Google está a trilhar esse caminho com entusiasmo, e a recente aquisição do Writely, uma ferramenta de tratamento de texto via web, mostra-o claramente.
A Microsoft já percebeu também que o caminho é esse, e Bill Gates já escreveu outro memorando sobre o software como serviço e a necessidade de a empresa se adaptar a este novo modelo. O Office Live é um passo nesse sentido, consistindo em alojar os serviços de web e e-mail em Redond, e passar a receber uma mensalidade por isso.

Neste campeonato há novas regras. Por exemplo, em relação ao que se pode fazer com o Writely, que é editar os documentos e partilhá-los na web. O formato passa a ser menos relevante, porque todos aqueles com que o o criador do documento resolver partilhá-lo podem aceder a ele sem necessitar de qualquer programa à excepção do browser.

O monopólio da Microsoft continua a ser baseado no Windows e no Office. A web é bem mais competitiva. Aí já não será possível manter esse acorrentar das aplicações ao sistema operativo e esse controlo férreo do formato dos documentos. Á medida que o acesso sem fios e aplicações como o Google Maps, e o Writely se espalharem vai passar a ser cada vez menos necessário instalarmos aplicações locais. Não estou a dizer que isso vai acontecer a curto prazo. Este tipo de mudanças radicais nunca é rápida. Mas vai acontecer.

Que implicações têm estes acontecimentos sobre a comunidade de software livre ?
O esforço enorme em curso de conquistar o desktop poderá a prazo ser redireccionado para a criação de aplicações web como as que já aqui foram referidas. A guerra entre software proprietário ou livre tornar-seá então mais acesa nos servidores.

Há implicações deste movimento que têm de ser bem pensadas. É necessário assegurar o direito à saída, saber se uma pessoa pode migrar os seus documentos alojados numa aplicação para outro fornecedor web mais económico. Sim , porque parte destes serviços serão certamente pagos.

Reflexões adicionais são bem vindas. É um mundo novo.

09 março 2006

OpenOffice.org 2.0.2 já disponível

All,

OpenOffice.org 2.0.2 is available today. It is ready now in English; check with the Native Language projects for other languages. The release is recommended for everyone. It contains some nifty new features, fixes many small bugs and resolves numerous issues. For instance, spellcheck dictionaries are now directly integrated into OpenOffice.org and are immediately available after installation; there is no need for extra downloads. The community have also added import filters for Quattro Pro 6 and Microsoft Word 2. As well, other import filters have been improved, so that documents created by other applications can be edited in OpenOffice.org more seamlessly. Continuing with the the push to enhance OpenOffice.org's business functionality, it is now easier to use mail merge. As well, integration with the KDE address book is now possible.

The appearance of the application has also been enhanced, and for Linux users, there are new icon sets for KDE and GNOME. The result of this and the other improvements is not just a prettier OpenOffice.org but a friendlier and more capable suite.

And it's free.

* Get OpenOffice.org: http://download.openoffice.org/2.0.2/index.html

* Release Notes: http://development.openoffice.org/releases/2.0.2rc4.html

* Native Language Projects: http://projects.openoffice.org/native-lang.html

05 março 2006

Arquipélago de sítios de Software Livre

Há vários sítios em Portugal com o objectivo de divulgar o software livre. O gildot, por exemplo, tem feito um trabalho notável ao longo deste anos. Mas é um facto que existem por cá comunidades dispersas e por vezes ignoradas a desenvolver projectos. Há muita gente a trabalhar em ilhas, e somos frequentemente supreendidos com casos de sucesso desconhecidos, ou com projectos em que ninguém colabora porque poucos sabem que eles existem.

Este é um apelo à criação de um Arquipélago de sítios de Software Livre. Uma referênciação mútua de sítios portugueses que permita interligar mais firmemente as várias comunidades. Podem desde já inscreverem-se aqui, e depois colocar a meia dúzia de linhas de software de webring sugeridas nos vossos sítios.

Temos todos a ganhar em trabalhar em rede.

04 março 2006

Open Document Format Alliance

Acabou de ser formada a Open Document Format Alliance. Esta associação visa promover a utilização do Open Document Format nas Administrações Públicas, de forma a garantir um controlo público dos registos, documentos e informações que dizem respeito a todos nós.

Entre os membros contam-se a American Library Association, a Associação dos Fornecedores de Open-Source da Dinamarca, a EDS, a EMC (Documentum..), o Indian Institute of Technology, a IBM , a Internacional Open Source Network das Nações Unidas, o Massachusetts High Technology Council, a Novell, o OpenOffice.org, Opera Software, a Oracle, a Red Hat, a Sun Microsystems e a Universidade Técnica da Dinamarca.

Que tal a Biblioteca Nacional e o IIMF aderirem ?

02 março 2006

Mais custos escondidos

Associado à "oferta" de formação Microsoft a 84 cêntimos por cabeça, que afinal vai ser paga com fundos do giverno e da União Europeia, está o igualmente escondido custo de renovação dos PCs. Segundo Steven J. Vaughan-Nichols quem pretender correr o novo Windows Vista terá de adquirir um PC novo. Segundo ele, dos 20 PCs no seu escritório apenas a sua máquina corre este novo OS a uma velocidade aceitável. A descrição desse sistema é a seguinte :
"Intel Pentium D 2.8GHz dual-core processor, an Intel 945G chipset, 1GB DDR2 (double data rate) DRAM, a 250GB SATA hard drive, and built-in Intel GMA (graphics media accelerator) 950 graphic"
Como a Microsoft ainda não publicou as características recomendadas, e ainda falta algum tempo para a versão final, talvez se possa dar algum desconto - 1 CPU a 2.8 GHz talvez chegue. Mas é sem dúvida um facto de que qualquer empresa ou organismo público tem de pensar duas vezes antes de formar alguém numa tecnologia que obrigará à renovação da maior parte do seu parque de PCs..Quantos PCs empresariais têm aceleradores gráficos, por exemplo?
Podem por favor fazer contas antes de se lançarem de cabeça em despesas ocultas ?


24 fevereiro 2006

A imprensa informática e o software livre

Tenho pensado amíude sobre que volta dar sobre a informação relativa ao software livre na imprensa informática portuguesa. Ou melhor, a falta de informação. As notícias são extremamente raras, em contraste com o grande dinamismo de todos os projectos, como o Mozilla, o Gnome, o KDE, o Ubuntu, etc. Poucos jornalistas fazem investigação, muitos orgãos limitam-se a publicar press-releases e a noticiar os eventos para os quais são convidados.
Vamos ter que ajudá-los e começar-lhes a enviar press-releases. Vamos ter estimular a ANSOL, ou criar uma Comunidade de Marketing de Software Livre.

Aceitam-se comentários

OpenOffice.org duplamente mais rápido

Michael Meeks, um dos principais contribuidores para o Openoffice.org, foi entrevistado durante o recente FOSDEM (Free and Open source Software Developers' European Meeting) em Bruxelas. Durante essa entrevista revela que há bastante trabalho em curso para tornar o OpenOffice.org mais rápido no arranque e na abertura de documentos.

Outra novidade é que não vamos ter de esperar mais 2 anos para um OOo 3. A partir de agora haverão novas versões com novas características pelo menos de 6 em 6 meses.

Este acelerar do OOo tem a ver com uma das forças do open-source. Enquanto que produtos comerciais têm um ciclo cada vez mais longo, os produtos de software livre estão a evoluir para um acumular sustentado de mudanças regulares, o que lhes permitirá a médio prazo ultrapassar a concorrência.

16 fevereiro 2006

MIT e o Open Source

Talvez ganhemos mais do que esperamos se o M.I.T. sempre se estabelecer em Portugal.
Acabei de ver o tema do MIT Enterprise Forum 2006 Workshop: "Charting the Course Through Open Source"

Citando a introdução à workshop:
"Open source software is one of the major factors that will define the software industry in this decade. Until just a few years ago, open source was viewed as an emerging phenomenon.

Today, open source code is widely used by even the most traditional organizations. Young entrepreneurs and software engineers look to open source projects as a wellspring of innovation, with the potential to significantly accelerate time to market."

Pode ser que nos ajude a abrir os olhos..Não sei porquê, mas em Portugal parece que gostamos de pensar por outras cabeças em vez de usar as nossas..

José Magalhães e a polícia à francesa

José Magalhães, o Secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, escreveu bastante sobre internet no passado. Tinha até um blog, desabitado desde 28 de Agosto de 2004.

É pena, porque poder-lhe-ia referir o exemplo da polícia francesa, que para o ciber acesso (para usar termos que lhe são caros) passou a utilizar o Mozilla Firefox. Por este browser já passam 18 % dos acessos à Net em França.

E falando com os seus colegas franceses, ele não lhe deixaria de referir as poupanças que poderia ter se passasse a utilizar OpenOffice.org nas esquadras portuguesas. Em França calcularam-nas em 2 milhões de Euros anuais numa migração de 80.000 postos.
Provavelmente em Portugal também representaria umas poupanças interessantes.

E finalmente, para uma pessoa com formação legal como ele, não deixaria de lhe recomendar o excelente Groklaw, que mistura open-source com temas legais. De certeza que o acharia interessante.

Talvez alguém lhe mostre isto.

07 fevereiro 2006

O que realmente interessa - mais organização

Sejamos francos, em Portugal não existe uma comunidade open-source. Existem várias comunidades, que ora cooperam ora se ignoram. Existem muitas pessoas que utilizam software livre, mas não sabem como podem ajudar. Existem também várias pessoas em empresas e administração pública que sem muito alarde vão implementado soluções de software livre. Ainda hoje tomei conhecimento de mais uma, abrangendo 1.000 utilizadores.

Precisamos de mais organização. Precisamos de cooperação entre as várias comunidades, de forma a reforçarem-se umas às outras. Precisamos de um meio de proporcionar a quem quer ajudar um meio de o fazer -e nem todos precisam de ser programadores. Precisamos de publicitar mais o que se vai fazendo, e é cada vez mais.

Estamos, todos os que utilizamos software livre em Portugal, a usufruir do trabalho que outros resolveram partilhar conosco. Esse é cada vez mais um trabalho colectivo e organizado. Precisamos de o fazer melhor. De divulgar a existência do software livre. De ajudar quem quer experimentar. De publicitar quem o usa.

Precisamos de definir acções comuns. Começo com um primeiro apelo: a criação de um Arquipélago de Sites. Os seja, que o gildot, a ANSOL, o Paradigma e o seu Laboratório para a Iniciativa do Software Aberto, a Caixa Mágica, o Projecto Português do Openoffice.org, o Startux.org, o PTNIX, o Fedora Portugal, o Mozilla pt-PT, SoftwareLivre na AP, o Software Livre na FEUP, o Planeta Asterisco, o alphamatrix.org, o GNU/Linux-[PT], o Slackware-PT, o Software Livre no SAPO, o Ubuntu-PT ,o Alinex, se comecem a referenciar mais. De certeza que me estou a esquecer de alguns. E de certeza absoluta que não conheço todos.

É apenas um começo.

Cumprimentos especiais ao alphamatrix.org, que tem as referências mais completas.

05 fevereiro 2006

O que realmente interessa - mais inovação

O Firefox demonstrou que uma combinação de facilidade de utilização com inovação e com marketing atraz os utilizadores. É necessário levar esse exemplo aos outros projectos open-source. Acredito que o modelo de desenvolvimento cooperativo do open-source fará com que gradualmente a inovação aconteça sobretudo dese modo, e não via software proprietário. Apesar do que vamos sofrer durante os próximos dois anos , com a barragem de Markting que aparecerá com o lançamento do Windows Vista e do Office 12. Vamos ter de aguentar, e continuar a inovar. Ao contrário da Microsoft, o software open-source evolui contínuamente. Depois do Vista e do Office 12 vamos ter tempo para recuperar, pois a MS funciona por ciclos cada vez mais longos. Há que ter uma visão à distância.

Mas voltando à inovação. Conhecem o projecto Looking Glass? Interfaces 3D? Vai muito para além do que o Vista terá. Viram a apresentação da utilização do XGL na próximo Novell Linux Desktop por Nat Friedman? Neste momento é muito cópia do OSX, mas é apenas o primeiro passo do que pode ser consguido com XGL.

É por isso, por projectos como estes, que estou confiante.

04 fevereiro 2006

O que realmente interessa - mais software

O que é que realmente mais interessa para a adopção do Linux? Aplicações, Drivers para hardware e Marketing :-)
No que diz respeito ao Software, a Novel fez um inquérito às aplicações "mais procuradas" no Linux, e surgiu com esta lista:

1. Photoshop
2. Autocad
3. Dreamweaver
4. iTunes
5. Macromedia Studio
6. Flash
7. Quicken
8. Visio
9. Quickbooks
10. Lotus Notes

A Novell diz que vai agora trabalhar para conseguir que os fornecedores deste software o portem para Linux:

Não irão conseguir com todos, mas seria bom que o conseguissem com alguns.

Quem defenda o Software Livre com mais rigidez dirá que isso não interessa para nada, o que interessa é desenvolver as alternativas livres a estes programas. Têm em parte razão, é mesmo necessário que isso aconteça. Mas também é importante que para acelerar a adopção do Linux este software exista em Linux. Isso pode ajudar a convencer cada vez mais pessoas a mudar para Linux no Desktop. E depois de estarem do lá de cá, e de perceberem a filosofia do desenvolvimento colaborativo, até podem ajudar a desenvolver as alternativas livres a estes programas.

Esta é uma luta desigual. Aliados são bem-vindos.

Cartas ao Director

Há neste momento assuntos muito mais importantes para discutir em Portugal que a visita de Bill Gates e a Microsoft. Para encerrar o assunto neste blog transcrevo uma carta ao jornal Público que achei extremamente bem feita. Cumprimentos ao autor.

Portugal e a Microsoft
A recente visita de Bill Gates a Portugal foi apresentada pelo Governo e pela comunicação social como um acontecimento relevante. A presença do "homem mais rico do mundo" foi uma oportunidade para os nossos governantes se mostrarem verdadeiramente empenhados em promover o desenvolvimento tecnológico de Portugal e disso foi dada cobertura alargada nos jornais e noticiários. Efectivamente, a Microsoft é hoje a mais importante empresa de software a nível mundial e Bill Gates, o seu líder, um empresário brilhante. Sendo estes factos indiscutíveis, não nos podemos esquecer que Bill Gates, como empresário que é, procura promover e vender os produtos da sua empresa. E é por isso que ao analisarmos a visita de Bill Gates não nos podemos esquecer de referir os custos que a utilização de produtos Microsoft têm hoje para a nossa economia.
O Windows e o Office, os dois produtos mais populares da empresa de Bill Gates, estão presentes em praticamente todos os computadores pessoais portugueses. Para o utilizador comum, o custo da instalação do Windows e do Office no seu PC é, se não estiver a infringir a lei, superior a 700 euros (140 contos). Se em vez das versões mais baratas destes produtos optar por usar as versões profissionais, pagará perto de 1300 euros (260 contos). Multipliquemos estes valores pelo número de computadores pessoais existentes em Portugal e será fácil percebermos que os montantes que saem do nosso país em direcção à sede da Microsoft nos Estados Unidos são tudo menos negligenciáveis. Se adicionarmos a esta factura os custos do software empresarial vendido pela Microsoft, podemos ter uma noção da gravidade que a situação representa para um país com poucos recursos como Portugal.
Num período em que tanto se fala do défice e da situação complicada que a nossa economia atravessa, espera-se de um governo responsável que procure e promova alternativas menos dispendiosas. Em vez disso, assistimos ao anúncio de que foram estabelecidos acordos com a Microsoft para acções de formação de "1 milhão de portugueses". Tudo indica que uma parte importante do valor a gastar nesta formação será proveniente do Orçamento do Estado. O Governo pode ter a melhor das intenções mas gasta o dinheiro dos contribuintes a promover a utilização de produtos que deveria estar a tentar substituir.
Ao contrário do que muitas vezes se pode pensar, existem alternativas aos produtos da Microsoft. Os computadores podem funcionar sem o Windows, que pode ser substituído, por exemplo, por software open source. O software open source, como o Linux, Firefox, OpenOffice ou Apache, pode ser utilizado gratuitamente por qualquer indivíduo ou empresa. Mais importante do que isso, o software open source pode ser alterado para criar novos produtos sem que isso implique o pagamento de licenças dispendiosas à Microsoft ou a outro fornecedor de software. Por esse motivo, os produtos open source representam uma importante oportunidade de negócio para as empresas de tecnologia.
O interesse do Governo em promover o desenvolvimento tecnológico de Portugal é genuíno, mas para que esse objectivo se concretize os nossos governantes têm de estar bem informados sobre os possíveis caminhos a seguir sem se deixarem impressionar por terem diante de si o "homem mais rico do mundo".

Jorge Gomes Silva
Mem Martins

03 fevereiro 2006

No comments

Desculpem, não consegui resistir..

02 fevereiro 2006

Lucidez e Honestidade

Constrastando com a canonização da Microsoft feita por vários comentadores e governantes nos últimos dias tive o prazer de ouvir um comentário lúcido e honesto a estes planos conjuntos do Governo e da citada empresa.

Citando o Público:
" O que é a que a firma de Bill Gates tem então a ganhar com este programa ? João Paulo Girbal respondeu com uma analogia. Se a Microsoft fabricasse carros "e só houvesse dez pessoas em Portugal com carta de condução", a firma não faria grande negócio. Ao aumentar o número de portugueses com conhecimentos das tecnologias de informação, a Microsoft está a aumentar o seu mercado. O nosso sucesso está ligado ao número de pessoas que podem aceder às nossas tecnologias", disse Girbal"

Falta apenas acrescentar que ainda segundo declarações de outro dirigente da mesma empresa ao Público, "Um dólar (82 cêntimos de euro) é o custo que a Microsoft irá suportar por cada utilizador português destes "cursos de informática". A Microsoft vai pois investir em 5 anos um total de 820.000 Euros em formação. Pressupõe-se que o grosso do Investimento nestas acções pensadas para alargar o mercado da Microsoft em Portugal venha do outro parceiro - o Estado Português.

01 fevereiro 2006

Algumas perguntas ao Governo - ou porque Bill Gates é o homem mais rico do mundo

Há várias questões que surgem a quem ouve a catadupa de anúncios de acordos e protocolos assinados por Bill Gates em Portugal. Gostava mesmo de ter algumas respostas a estas interrogações..

1- Microsoft quer formar 1 milhão de portugueses
Depois de se ler a notícia fica-se a saber que a Microsoft só vai formar formadores, e não os destinatários finais. Quantos serão estes formadores? Quem vai pagar a estes formadores durante a sua maratona de formação?

2- Microsoft quer formar 1 milhão de portugueses
A versão mais barata do Microsoft Office custa 660 Euros (há uma mais barata, mas é apenas para estudantes e professores - 215 Euros). Como consequência da formação de 1 milhão de portugueses de Microft Office, e se desta formação resultar a aquisição deste software, a Microsoft irá ganhar 660 milhões de Euros. Parece ser um bom investimento. Alguém fez estas contas ?

3-Serviços de Estrangeiros e Fronteiras e GNR serão as forças de segurança abrangidas por um conjunto de acções de formação
Estas acções de formação são gratuitas? Se não, houve consultas ao mercado? Quantas mais licenças Microsoft vai o MAI ter de comprar ?

4-Criação de estágios nas 4600 empresas do universo Microsoft
Estes estágios não são financiados pelo Governo Português? E é a Microsoft que fica com o crédito? E estas 4600 empresas só vendem produtos da Microsoft ?
E é a Microsoft que fica com o crédito?

5-A Microsoft vai fornecer à Polícia Judiciária (PJ) equipamento informático de luta contra o cibercrime
A Microsoft de hardware não vende só ratos e teclados ? E o software e os serviços são contratados por protocolo, sem concurso público? O Tribunal de Contas sabe disto ?
E o software da Microsoft, tão susceptível a vírus e Spyware, será o melhor para a Polícia Judiciária?

6- O ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, anunciou que está a negociar com a Microsoft um protocolo com vista à modernização de todo o sistema informático do Ministério
Um protocolo? Não vai haver concurso público ? É isto a promoção da competitividade ?

7-As Universidades do Minho, de Aveiro e da Beira Interior, disponibilizarão cursos de especialização em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para jovens com o 12.º ano. O projecto prevê que todos os professores envolvidos recebam formação e material escolar directamente da Microsoft através do seu programa IT Academy.

Estas Universidades vão ter a professores pagos por todos nós a dar formação de produtos de uma firma privada ? Parece ser um bom negócio para a Microsoft e um mau negócio para o erário público. Está-me a escapar alguma coisa ?

30 janeiro 2006

Modernizar as empresas portuguesas

As empresas portuguesas estão a passar um período difícil com a crise económica em Portugal. Nem todas eu sei, mas quantos bancos há em Portugal ? Fora essas excepções, como podemos modernizar empresas com poucos recursos financeiros?
Há neste momento um conjunto de aplicações open-source de e-business que o IAPMEI bem poderia promover.

Listo aqui aquelas de que tenho conhecimento:

MP-Biz (Evaristo) - a única genuínamente portuguesa

OfBiz - Open for Business - muitas referências
Compiere - ERP e CRM -muito profissional
GNU Enterprise Small Business - parece precisar ainda de bastante trabalho

Governos como aceleradores

Vamos ter por aí uns visitantes ilustres que vão tentar convencer os nossos governantes que a inovação se controi comprando os produtos deles. Numa tentativa de iluminar esses mesmos governantes sobre como de facto podem contribuir para acelerar a inovação, remeto-os para este editorial do Consortiuminfo.org intitulado "GOVERNMENTS AS ACCELERATORS".

Aqui se descreve como há cerca de um século os governos resolveram estabelecer normas relativamente ao caminho-de-ferro, decretando a uniformização das larguras de linhas, e permitindo assim a interoperabilidade dos transportes. Estamos neste momento num ponto de inflexão semelhante no domínio do software, e as administrações públicas podem contribuir para uma aceleração das oportunidades de desenvolvimento se mandatarem normas de interoperabilidade nas tecnologias de informação.

Leitura recomendada.

25 janeiro 2006

Investimento, inovação e dependência

Segundo a OCDE e a Eurostat, Portugal investiu em 2001 0,84 % do seu Produto Interno Bruto em Investigação e Desenvolvimento. Por comparação, temos:
Suécia : 4.27 %
Finlândia: 3.42 %
Alemanha: 2.51 %
Dinamarca: 2.39 %
..
República Checa: 1,91 %
..
Portugal; 0,84 %
Temos uma esperança - o crescimento deste indicador entre 1996 e 2001 foi de 47 %. Mas não sei se nos últimos anos de crise esse crescimento se manteve...

O que tem isto a ver com o software? Tem a ver com a nossa cultura de que não é necessário investir em software nacional, basta comprar o que as multinacionais nos vendem.

Este sim é um sinal de subdesenvolvimento. A falta de inovação traz a dependência.

24 janeiro 2006

Portugal e Dinamarca

Portugal tem 10 milhões de habitantes. A Dinamarca tem 5 milhões de habitantes. Portugal produz 19.400 dólares por pessoa. A Dinamarca produz 28.900 dólares por pessoa.

Portugal compra software pela marca. A Dinamarca compra software pelas suas especificações.

Chegou a estar prometido em Portugal um documento de interoperabilidade com recomendações das normas abertas adoptar pela Administração Pública nas suas aquisições. Esse documento nunca viu a luz do dia. Num Estado sem dinheiro, não há nenhuma política governativa de adopção de software aberto pela Administração Pública, para ajudar a reduzir o défice.

Na Dinamarca já em Outubro de 2002 era publicado um relatório sobre Open Source na Administração Pública com análise do impacto económico e social da sua adopção. Em Setembro de 2005 o Ministério da Ciência. Tecnologia e Inovação publicou um relatório sobre migrações de suites de Office na Administração Pública dinamarquesa.
Na Dinamarca exsite uma Associação de Fornecedores de Open-Source com 29 membros.
Na Dinamarca um grupo de estudantes lançou uma cerveja open-source :-) .

Onde referi a Dinamarca poderia estar a referir a Holanda, ou a Finlândia.

O tamanho não nos desculpa. Só mesmo a falta de rigor e de inovação.

Já que não há links portugueses neste post, por razões óbvias, leiam os links dinamarqueses..