24 setembro 2007

OOoCon2007 - 19 de Setembro

19 de Setembro

A Conferência anual do OpenOffice.org já atingiu uma dimensão tal que é impossível acompanhá-la na totalidade. Neste ano de 2007 existiram sempre 4 sessões paralelas, uma Geral, e outras, consoante os dias, para Developers, ODF/XML, e Comunidades Nacionais.

Agradeço à organização que já disponibilizou as apresentações que foram feitas.

Para além disso todas elas foram filmadas pela organização eslovena Kiberpipa. Algum dos vídeos já estão disponíveis.

Deixo aqui apenas o relato das que assisti


OpenOffice.org 3.0 and BeyondLouis Suárez-Potts

Louis Suaréz-Potts (LSP), o responsável pela comunidade OpenOffice.org, realçou que o OpenOffice.org é um projecto global, com a participação de grandes empresas – Sun Microsystems, Novell, Red Hat, RedFlag 2000(China), IBM e Google - com uma comunidade espalhada por dezenas de países, e localizações em em 100 línguas diferentes. Um projecto em que todos podem contribuir, o que é evidenciado pelos 100 milhões de downloads.

Mas LSP realçou que precisamos de ir mais longe. De evoluir do desktop para a colaboração Web. De permitir, via extensões, uma mais rápida evolução. Isto, e ainda o suporte à importação de documentos de MS Office 2007, acontecerá até ao lançamento do OpenOffice.org 3.0,


• Conferência de imprensa

O que realcei foi o grande nacionalismo das intervenções dos catalães "our country Catalunya", e os sucessos locais: o OpenOffice.org está instalado em todos os TeleCentros - pontos de acesso públicos, e nos 350 tribunais da Catalunha.

Beyond technology - the Chinese Roadmap - Hu Caiyong - CEO da RedFlag 2000, que produz o Red Office

Esta apresentação foi surpreendentemente uma das mais interessantes, apesar de ter sido feira em Chinês ( com tradutor, claro..). Hu Caiyong, CEO da Red Flag 2000, teve um prazer especial em afirmar que o CEO da Microsoft China se tinha demitido em virtude do voto negativo da China na tentativa de adopção do MS OOXML como uma norma ISO. Mas a força da sua intervenção veio da afirmação do software como cultura, e do ênfase que estão a por na China em não fazer apenas traduções cegas do software americano, mas sim de o adaptar aos costumes locais, e de utilizar o software open-source e as normas abertas como única via para desenvolver a indústria local de software. Segundo Hu Caiyong, A Microsoft na China ignora os hábitos culturais chineses. A China precisa de documentos com alinhamento lateral, mas também verical, com 22 linhas por página e 28 caracteres por linha. Os menus têm de ser adaptados a maneira de pensar dos chineses

Na China há 1300 milhões de habitantes, mas ainda apenas 80 milhões de computadores, crescendo 20 milhões por ano. A maioria dos futuros utilizadores nunca usou um computador, Não há motivo nenhum na China para se copiar o Microsoft Office. A Red Flag 2000 pegou no OpenOffice..org e redesenhou completamente a sua interface com o utilizador, para a tornar mais intuitiva. Essa interface já foi mostrada aos engenheiros do OpenOffice.org em Hamburgo. Será que vamos aprender com os chineses?

European public administrations define their approach on document formats
Barbara Held, IDABC (barbara.held@ec.europa.eu)

O IDABC é a entidade da Comissão Europeia responsável pelo célebre Observatório do Open-Source, e pela recomendação de adopção de normas abertos para documentos, que deu origem ao ODF e ao OOXML. Barbara Held, a coordenadora do projecto "Open Document Exchange Format", explicou que usualmente não há uma mandato para a Comissão Europeia impor nada sobre a nível europeu na área das Tecnologias da Informação, que permanece uma competências de cada estado membro. Nem participa em organismos de normalização, apenas recomenda a adopção de normas abertas.

Na perspectiva da Comissão Europeia, nem o OASIS ODF nem a ECMA OOXML são standards, pois não nem o OASIS nem a ECMA são organismos públicos. A Comissão Europeia apenas reconhece entidades como o ISO, em que os intervenientes são estados, e normas como o ISO 26300, o Open Document Format.

Os documentos são material chave das administrações publicas. Têm uma vida longa. Para assegurar a preservação desses documentos e a interoperabilidade entre administrações, os estados membros da União Europeia adoptaram um conjunto de princípios consensuais: não devem ser impostos produtos específicos, e os conteúdos não devem estar escritos em formatos proprietários.

Em resposta a estes principios, Jean Paoli da Microsoft declarava à IDABC em 2004 que a Microsoft nunca abriria o formato do Microsoft Office !
Já teve de mudar de discurso desde então, graças à adopção crescente do Open Document Format na Europa.

As recomendações europeias às Administações Públicas nacionais, decididas em Fevereiro de 2007 em Berlim, vão no sentido da utilização de formatos standard, suportados por múltiplo produto. À indústria recomenda-se evitar a proliferação de standards, melhorar os existentes (assinaturas digitais...), a não existência de subsets e supersets

Entretanto, está neste momento a ser iniciado um estudo, o "IDABC Study on Document Formats", que vai estudar ISO 26300 e OOXML, compará-los, criar conselhos de como criar documentos interoperáveis, e criar um "interoperability checker"

ODF Interoperability: The Price of Sucess – Robert Weir, IBM (robert_weir@us.ibm.com)
Robert Weir focou-se na questão da inyteroperabilidade no âmbito dos produtos que implementam o Open Document Forma: OpenOffice, StarOffice, Koffice, AbiWord, Lotus Notes 8, GoogleDocs, MSOffice com plug-in. Afirmou que combinar informação estructurada com formatação gráfica é difícil. O Photoshop garante a melhor fiabilidade gráfica, mas é um formato em que a informação mão está estruturada. O ODF tenta combinar estrutura e formatção, mas trata-se sempre de um compromisso.
A interoperabilidade entre aplicações ODF será mais fácil se se combinar o standard, uma suite de teste, e uma implementação de referência. Assim as aplicações só necessitam de assegurar a compatibilidade com a implementação de referência.
Existe já uma validação de documentos em formatos ODF, o ODF Validator, no site da Open Document Fellowship.

Improving the modularity of OpenOffice.org – Mathias Bauer
Mito: OOo é monolítico e arranca com tudo em memória
Realidade: Instalação completa: 309 bibliotecas, 102 MB em disco
Arranque sem aplicações: 68 bibliotecas, 28 MB de memória
Arranque do Writer: Mais 21 bibliotecas, 17 GB de memória
Está a decorrer um esforço de reescrita do código. Já se fez o "refactoring" da Framework. está em andamento o projecto de redesenho das bibliotecas, que ainda se vai arrastar por mais dois anos

Political struggles in Denmark - My experiences - Leif Lodahl
Leif Lodahl (lodahl@openoffice.org) escreve o Lodahl's Blog (em inglês) onde conta a suas experiências em prol do OpenOffice.org na dinamarca.
Na Dinamarca a comunidade activa do OpenOffice.org conta 20 pessoas, e não existe uma assoicação formal. Leif acompanhou o processo da tentativa de normalização do OOXML, obterndo uma considerável cobertura mediática, um fácil acesso ao parlamenhto mas um acesso difícial ao governo.
No fianl da discussºao paralementar foi decidida a adopção de ODF e OOXML na Dinamarca - se o OOXML chegar a ser uma norma ISO.
Leif contou com a colaboração da ODF Alliance - Europa e do site NOOXML
O principal conselho do leif Lodahal foi o de procurar amigos - amigos no parlamento, amigos entre os jornalistas, amigos nos jornais.

Releasing OpenOffice.org: translations and QA process – Rafaella Braconi Tratou-se de um sessão muito especializada na localização do OpenOffice.org . e portanto muito útil para a comundade portuguesa.

Á margem da Conferência
Uso com orgulho a minha t-shirt amarela da conferência que me deram ontem no registo a conferência. Contudo sou ofuscado pela onda de t-shirts laranjas “OpenOffice-org Mentor”. Estou fora de moda logo no primeiro dia ...

A conferência decorre logo no Grande Salão da Universidade, com grandes murais de parede, bancadas estilo igreja, bancos de parede à igreja, e púlpitos à igreja. Quem disse que o movimento do software livre é um movimento religioso não está muito enganado hoje e aqui :-)


Observações de um Mexicano depois de 20 minutos de espera para nos servirem almoço num café perto da Conferência - “Vocês aqui não Europa não têm uma cultura de serviço aos clientes, pois não ?”

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