A mais desassombrada análise do que se tem passado na informática na saúde pode ser encontrada na apresentação efectuada por uma das pessoas que no IGIF mais contribuiu para o desenvolvimento para a sociedade da informação na saúde.
O IGIF - Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde - desenvolveu as principais aplicações para a gestão hospitalar, mas nos últimos anos tem estagnado por falta de investimento.
Algumas das razões são apontadas nesta apresentação imperdível efectuada nas Jornadas de Saúde promovidas pela publicação Interface Saúde, que analiza os últimos 15 anos na informática da saúde:
1) Conflitos entre interesses privados e públicos
"O pelouro do IGIF para a área das TIC é gerido por gestores vindos da privada, oriundos de empresas com interesses na Saúde (...) – desde o último semestre de 2001 até à data.
Praticamente, tudo, é posto em causa;
Em finais de 2001 é solicitado um estudo estratégico a uma empresa privada – é entregue durante o 1º trimestre de 2002;
Em finais de 2003 é solicitado um estudo estratégico a uma empresa privada e, no início de 2004, e é efectuado um esclarecimento a nível
Nacional (...);
Último trimestre de 2005, está a decorrer um concurso para mais um estudo na área das estratégias (...);"
2) Desinvestimento tecnológico- onde está o Plano tecnológico ?
"Há produtos desenvolvidos “dentro de portas”, a funcionar em algumas instituições onde, além da boa receptividade que têm por parte dos profissionais de saúde, já demonstraram ter capacidade para obter resultados de curto prazo nas áreas consideradas prioritárias pelo
actual governo, designadamente:
- Prescrição Electrónica de Medicamentos ... Receita Electrónica (C.F);
- Prescrição Electrónica de Baixas (CIT) e ligação à Seg. Social;
- Prescrição Electrónica de MCDT’s para os convencionados (C.F.);
- Articulação de cuidados hospitalares e CSP.
Numa base de seriedade, competência, isenção e defesa dos interesses do Estado, requisitos que os contribuintes, beneficiários do SNS e profissionais de saúde, exigem aos responsáveis pelas TIC da Saúde, confesso que tenho dificuldade em perceber certas decisões, como por exemplo, a de não incentivar e apoiar as instituições de saúde a instalar estes produtos (está a
ser feito exactamente o oposto !!) - a maior parte dos investimentos em tempo e dinheiro, já foram efectuados e, além do mais, se esta decisão fosse tomada, daria mais margem de manobra para o desenvolvimento de novos projectos.
Em minha opinião, a actualização tecnológica de alguns sistemas de informação, ou o desenvolvimento de novos sistemas, ou os estudos estratégicos que estejam a ser efectuados, ou mesmo, as transformações que se pretendem fazer no IGIF, não justificam este tipo de decisões - com estes ou outros motivos, este é o cenário que temos vindo a assistir nos últimos 2 a 3 anos ... “morte lenta”
Sera bom que esta intervençao frontal levante o debate sobre o que se passa na informatica na saude. A abertura da nossa sociedade assim o exige, que os decisores da Administraçao Publica prestem contas ao publico do que andam a fazer.
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4 comentários:
1. Tens aqui SPAM e isso é chato.
2. Tens algum software que até já tem estado a ser testado e que poderia servir como base de trabalho. Dois desses projectos conheço bem: Care2X e Care3G. O primeiro pode ser testado no PaiPIX e o último ainda está em inicio e só se prevê algo lá para meados do ano.
Por último devo dizer que gostei bem do teu blog e que seria muito interessante se o conseguisses colocar no Planeta Asterisco já que teria muito mais projecção. Eu cheguei cá via Gildot, mas esse não é o melhor sítio.
Boa sorte.
Iniciativas muito, muito interessantes. Gostava que o IGIF fosse mais aberto a sugestões - eles só falam com os amigos....
.
Talvez enviando esta informação ao Ministro da Saúde ou a Luis Pisco,o responsável pela Unidade de Missão dos Cuidados de Saúde Primários: luispisco@mcsp.min-saude.pt
http://www.mcsp.min-saude.pt. Não queres enviar-lhe um mail?
Quanto ao Planeta Asterico, quem me espicaçou para criar um blog foi o Vítor Domingos... Se qle quiser trata do que referes..
Paulo Vilela
Viva,
Já falei com vários ligados à Saúde e é muito complicado. Software Livre, equipas grandes e algo voláteis, falta de vontade de algumas estruturas, Care2x/3g ainda algo complexo de adaptar ou em fase inicial, etc, etc.
Uma ideia seria adaptar o WorldVistA, mas é complicado.
Tu próprio apontaste no teu comentário o maior óbice a fazer-se o que quer que seja neste país. Talvez ligado à Caixa Mágica e a mais um ou outro fornecedor e pouco mais se conseguiria.
Ao que sei já foram feitos vários testes com os mais diversos pacotes SL para a Saúde e até agora não sobe de nada que tivesse arrancado.
Acho que há muito mais possibilidades no horizonte para arrancar algo fora daqui do que fazer aqui.
Com o Plano Tecnológico que temos a fé (isto já só vai na fé mesmo) de que algo se faça é muito pouca; mas se calhar sou eu que sou pessimista.
Tenho alguma esperança com o Mário valente e com o Vitor no sítio onde estão. A vêr vamos se conseguem e se os deixam.
Um abraço
ler todo o blog, muito bom
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